24/03/2020
A resposta veio por psicografia, veja:
Voz de Trovão,
um pedacinho da minha historia me foi contata já na Colônia das Flores, por Maria do Sol, uma velha mucama que criou a mim e a milhares de negrinhos até atingirmos a “idade da lida”, quando os ossos dos infantes já eram considerados rijos o bastante para o trabalho pesado (entre os 6 e 8 anos).
Na carne, eu sempre achei que teria vindo, ainda Bebê, do Congo. Acreditava nisto por que toda a safra de crianças que cresceram comigo de lá vieram, além do mais, eu trazia no envoltório carnal os traços genéticos daquela região Africana.
Na verdade, nasci no início do século XIX, por filha de uma escrava parideira Chamada Luzia e pai ignorado, em uma localidade chamada Quatro Cantos.
No inicio da idade da lida fui levada para uma cidade chamada Cunha (ai pertinho de vocês), para trabalhar nos canaviais açucareiros. Ali trabalhei até o final de minha vida produtiva, por volta do 30 anos, quando já sofria acentuadas degenerações físicas.
Trapo velho, junto com dezenas de escravos na minha condição e com negrinhos nascidos defeituosos, fui colocada para fora da fazenda sobre as bênçãos da “alforria dos inúteis”, para viver a própria sorte.
Perambulávamos pelos trilhos de mata, beirando as grande fazendas, e, em troca dos refugos das plantações, fazíamos a colheita para os senhorios que se diziam contra a escravatura más que se beneficiavam dela, dando-nos os feijões defeituosos, mandioca e batata partida (que tem seu tempo reduzido para o uso), vísceras de animais, entre outros produtos que não serviam para o escambo más que para nós era de grande valia.
Nestas andanças, a beira do rio ribeira, o olhar desta velha fitou um belo senhor de tez da cor da meia noite e olhos da cor do mel.
Apressado e carregando nas mãos um cabaz cheio de ervas, ao passar por mim, sem se aperceber, deixou cair um feixe de barbatimão.
Pequei no chão a erva e corri atrás dele, tentando chamar a sua atenção, quando dele ouvi “o que você quer negrinha?”. Respondi: “Velho despeitado, só quero lhe entregar o que perdeu!!!”. Ele disse: “então me segue”.
Andamos por muito tempo mata a dentro, quando aos meus olhos se abriu um local cheio dos meus, um Quilombo.
Por obra do destino e sem nenhum questionamento, deste dia em diante passei a ser a ajudante daquele que era conhecido por todos como “Véio Binidito”, um benzedor e curandeiro que cuidava de todos os negros que ali chegavam machucados.
Ele sempre disse: “me dê um doente, um punhado do mato certo e eu o curarei, mas sempre com fé em Deus e na Virgem Maria”
Dai por diante, assim foi.
E hoje, mesmo após o desenlace da carte, junto dele estou.
Sigo aprendendo e amando ao meu velho e a todos vós, meus filhos.
Eis ai um pouquinho da minha historia de amor a vida, ao meu velho, aos desamparados pera sorte e a todos vocês, meus filhos amados.
Matou a curiosidade, Voz de Trovão?
Não esqueça que a curiosidade matou o burro (risos).
Vó Maria.
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