
Vou contar-lhes uma história:
“Era entardecer e aquele homem retornava para casa depois de exaustivo dia de trabalho.
Trazia nas mãos, enxada que agora pesava mais e sapicua com vasilha vazia que levara comida simples para o sustento diário.
Apesar do cansaço, voltava feliz por mais um dia de trabalho.
Trazia no bolso os trocados que ganhara pelo serviço prestado.
Descia a barranca do Girão, onde muitos haviam se acidentado.
Trazia no coração, lembranças de outrora e a fé de que dias melhores viriam.
Como punha sua fé na Santa do Manto Azul!?
De Ave Maria...em Ave Maria..., seguia a vida.
Quando terminava a barranca, descida íngreme de chão batido, passava em frente capela pequena, construída no tempo da escravidão.
Vinha rezando a Ave Maria... e ali em frente a cruz no topo da pequena torre, onde ficava um sino que havia vindo de Portugal, ajoelhava e agradecia a Senhora pelo dia e pelo alimento que o sustentou.
Levantava e prosseguia, mas neste dia ao fazer isso, sentiu-se mal e como num relance percebeu que seu tempo havia chegado.
Olhou para o céu e exclamou: -“Mãe querida e amorosa! Me ajuda! ”
Desfaleceu e caiu.
Não sabe quanto tempo durou esse minuto.
Acordou com o socorro de bondosa alma que com carinho o acolheu e disse. “Zé! Fica calmo. Estamos aqui para lhe socorrer. ”
Ele levantou e sem hesitar orou a Ave Maria com devoção.
“Para onde vão me levar? ” Perguntou assustado.
“Para um bom lugar”. Onde será melhor amparado. Respondeu a alma bondosa.
Com um pouco de esforço seguiu. Mas, quis olhar para trás e agradecer a Santa do Manto Azul.
Quando virou, viu na porta da capelinha, senhora negra, que com olhar amoroso lhe falou, como com por sentimento que só o coração compreende.
“Oi Zé! Fique em paz e segue com ele que irá lhe auxiliar. Tudo ficará bem.... Agora você está em boas mãos. Tudo passou. Sua linda missão acabou. É hora de descansar.
Zé como se tivesse a vista descortinada percebeu que havia desencarnado e assustado perguntou: -“Eu morri? ”
A bondosa alma lhe respondeu:
-“Sim Zé, desencarnou a vários anos. Mas só agora pediu ajuda”.
Zé voltou a perguntar: -“E aquela senhora quem é? ”
A alma bondosa chamada Josias respondeu: -“É a Senhora Aparecida, que veio pessoalmente lhe buscar”.
As lágrimas corriam no rosto do Zé e ao caírem no chão, transformavam-se em diamantes.
Ele seguiu em frente com Josias e a vida na Terra continuou, sem que ninguém conhecesse essa história que hoje posso revelar.
Eu sou o Zé e sua enxada.
Muita paz.
(Mensagem recebida em 15.05.2023)
Psicografia: A. Fernando Donato